quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Reflexões sobre o dia da consciência negra


Black Consciousness Day


      Não se pode negar o legado deixado por diversos grupos étnicos no Brasil e no mundo. Vale salientar que ao longo da trajetória da civilização humana, houve sucessivas e variadas formas de violência devido a fatores de natureza biológica, mental e espiritual dos viventes humanos nessa realidade cheia de limitações e sofrimentos. A idéia e o sentimento de superioridade de um grupo racial em relação a outro, tem sido o motivo de muita hostilidade e discórdias ao longo das eras.
      Cada grupo racial pertencente ao grupo humano. Possui suas lutas internas e externas, com conquistas e derrotas. Em meio a tantas divisões e separações sofridas por todos que se dizem membros da comunidade humana, é possível notar que o apreço pela distinção de classes, raça, sexo, religião de todos os habitantes deste mundo azul constitui um flagelo mortal para nós mesmos.
      É preciso examinar, investigar as causas mais profundas dos problemas existenciais em nossa sociedade. O modo como enxergamos, pode fazer muita diferença na hora de agirmos para a construção da harmonia social. O que torna o homem indiferente ao sofrimento de milhões, é o egoísmo, a ambição, a ganância, a ânsia e a necessidade de querer ser melhor do que os outros. No meu entendimento, é uma necessidade artificial e implantada por mega empresas marqueteiras que só visam atender aos interesses econômicos e não coloca a vida em primeiro lugar, mas sim a propriedade material, o patrimônio, o lucro. É óbvio que enquanto existir violências e domínio tirânico de uns sobre os outros, mentira e propaganda, jamais haverá justiça e fraternidade humana.
      A reflexão não pode se restringir apenas ao racismo e a integração dos negros para a conquista de seus direitos violados e não cumpridos na vida social. Mas o que faz as pessoas viverem sem nenhuma sensibilidade. O que faz as pessoas se comportarem como macacos e papagaios, sempre imitando e repetindo o que outros já fizeram e não deu certo. O que faz as pessoas desistirem de viver fraternalmente e deixarem de encarar a vida como um campo de batalha, onde somos educados e preparados desde pequenos para sermos competidores implacáveis, com aquele perspicaz propósito de “vencer na vida” e se cercar de seguranças e privilégios.
     Onde fica a proclamação da consciência humanitária, da consciência planetária? Não importa a etnia, a classe social, o sexo e a crença do indivíduo, o que interessa é dar condições para o desenvolvimento do ser humano nascido, principalmente, nas condições precárias e subumanas. Enaltecer e dar visibilidade as raízes históricas e culturais dos povos africanos, não vai acabar com a desigualdade e as injustiças cometidas cotidianamente contra eles. O conhecimento do passado só tem valor, quando nos ajudar a entender como funciona o âmago do modelo social e suas respectivas ações criminosas.
      A dívida que o Estado tem com essa fração da humanidade abandonada e esmagada pela ineficiência das ditas “políticas públicas”, é assustadoramente incalculável. Sendo assim, eles ainda continuam sendo vítimas de crimes sociais. Quando algum dia todos olharem profundamente para dentro de si mesmo, mudando de valores e todos os direitos forem iguais e garantidos, na prática, pela constituição deste país, aí sim haverá o que nunca se houve até aqui: HARMONIA ENTRE TODOS NÓS.

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