A história brasileira contada através da literatura de cordel, questionando os valores sociais e procurando identificar as causas reais de tanta criminalidade e miséria com uma breve retrospectiva do processo de colonização e escravização dos habitantes nativos. E a subalternidade pode ser vista em vários lugares do país. A cultura estrangeira ganhou espaços de alto escalão e destaque, colocando as empresas nacionais de escanteio. A infiltração dos poderes econômicos no mercado nacional sabotou e subalternizou toda a população para atender e defender aos interesses de grandes corporações multinacionais. Ainda é possível encontrar nas periferias jóias raras de se ver, uma delas está aí embaixo, nesse trabalho de duas alunas do 2º ano do Ensino Médio, na Escola Estadual Alfredo Gaspar de Mendonça em Maceió - Al, situado no conjunto Eustáquio Gomes 1. Fiquei até surpreso com um material tão reflexivo vindo de uma escola pública. Esse é o verdadeiro papel da arte: contestar e fazer refletir.
CRIMINALIDADE CULTURAL
Será que a desigualdade social é a causa principal de tamanha criminalidade?
Qual será o motivo de verdade ?
Primeiramente a classe alva dominava enquanto a inferior era explorada,
pela assinatura de uma princesa foi libertada,
libertação documentada,
pois para a classe desesperada a vida dura continuava.
Uma liberdade disfarçada,
sem ajuda e entregue a mágoa, tendo uma vida desamparada.
Sem emprego, sem formação,
sem nenhum pedacinho de chão.
Daí é aquilo que você já sabe:
é difícil o cabra liso viver numa sociedade.
De uma lado os meninos querendo um prato,
e de outro o cidadão sem nenhum tostão furado.
Sem nenhum caminho à vista,
a vida "tronxa" é a melhor saída.
Uma vida fácil pra viver,
e fácil pra morrer.
E o povo é quem paga o pato,
com bandidos por todos os lados,
metendo bronca, metendo assalto,
e espalhando drama pra tudo que é lado.
Mas nem tudo sai como querem, pois imprevistos acontecem:
Certo dia fazendo seu trabalho, o assaltante foi revelado
por um amigo que ali passava por acaso,
rapidamente raciocinou,
e para não deixar rastro, o gatilho disparou,
a 38 apitou e o barulho então soou.
E assim trouxe frustração
a quem não merecia tal situação,
acumulando dor, vingança e decepção.
Mas caba vem cá um instante, e pense por favor,
será que a culpa é da arma ou do atirador ?
Afinal, armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas!
Porém, se seu uso fosse mais restrito ao profissional,
dificultaria a ação criminal.
O povo inconformado,
botou o caçador do seu lado,
e para o xilindró foi levado,
pelo capa preta foi condenado,
e por uma légua de tempo foi aprisionado,
pois uma morte, não se supera tão fácil.
O castigo lhe foi dado,
talvez até menos que o esperado.
Mas quem será o culpado,
desse constante descaso?
Vários têm parcela de culpa em tal fato:
Governantes?
Sociedade?
Falta de oportunidades?
Afinal de contas,
desde o princípio,
a tamanha desigualdade.
E falando nisso,
um próprio alagoano citou:
Graciliano Ramos, uma beleza de autor.
Por conta de sua vida e de tudo que passou,
em seu livro São Bernardo falou:
- A culpa é dessa vida agreste,
que me trouxe uma alma agreste.
Autoria: Júlia Amorim e Larisa Oliveira.
Ilustração: Elisama Freitas.